terça-feira, 18 de novembro de 2008

Lilitchka! (em lugar de uma carta) - 26.5.1916,Petrogrado



Fumo de tabaco roí o ar.
O quarto -
um capítulo
do inferno de Krutchónikh.
Recorda -
atrás desta janela
pela primeira vez
apertei tuas mãos, atônito.
Hoje te sentas,
no coração
- além.
Um dia mais
e me expulsarás,
talvez com zanga.
No teu "hall" escuro longamente o braço,
trêmulo, se recusa a entrar na manga.
Sairei correndo,
lançarei meu corpo à rua.
Transtornado,
tornado
louco pelo desespero.
Não o consintas,
meu amor,
meu bem,
digamos até logo agora.
De qualquer forma
o meu amor
- duro fardo por certo -
pesará sobre ti
onde quer que te encontres.
Deixa que o fel da mágoa ressentida
num último grito estronde.
Quando um boi está morto de trabalho
ele se vai
e se deita na água fria.
Afora o teu amor
para mim
não há mar,
e a dor do teu amor nem a lágrima alivia.
Quando o elefante cansado quer repouso
ele jaz como um rei na areia ardente.
Afora o teu amor
para mim
não há sol,
e eu n
o sei onde estás e com quem.
Se ela assim torturasse um poeta,
trocaria sua amada por dinheiro e glória,
mas a mim
nenhum som me importa
afora o som do teu nome que eu adoro.
E não me lançarei no abismo,
e não beberei veneno,
e não poderei apertar na têmpora o gatilho.
Afora
o teu olhar
nenhuma lâmina me atrai com seu brilho.
Amanhã esquecerás
que eu te pus num pedestal,
que incendiei de amor uma alma livre,
e os dias vãos - rodopiante carnaval -
dispersarão as folhas dos meus livros...
Acaso as folhas secas destes versos
far-te-ão parar,
respiração
opressa?
Deixa-me ao menos
arrelvar numa última carícia
teu passo que se apressa


(Maiakovski)

*viciado em literatura russa

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

(shakespeare)


My only love sprung from my only hate!
Too early seen unknown, and known too late!
Prodigious birth of love it is to me
That I must love a loathèd enemy.

*tragico demais ¬¬

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Dialogo Interno Nº 1



Amanha
sera passado o tempo da anestesia,

sentirei o que realmente fomos acustumados

Hoje quando parar de sentir dor,
vou me embreagar dos sentimentos mais baratos

Ontem eu fui ao camelô comprar mais uma dessas imitações
de doses oniricas que te levam a parar de pensar



(Icaro)


"...talvez eu devesse fazer o inverso do que custumo ser...
...vou me sentir bem, ao passo de não se sentir mal...
...perdi minhas asas de cera, ao qual com muito custo eu fiz...
...tento dizer a Apolo, o porque de minha queda...
...o ciclo se completa e o que era incerto não se concretiza...

...talvez meus discursos devessem ser mais curtos...
...e menos claros para me sentir menos eu...
...a grande resposta é uma negativa retorica...
...prolixa em curvas perigosas...
...que se fecham a menor demonstração de afeto...

...talvez eu devesse dançar como a maioria dança...
...mas me demonstro muito desconjuntado para essa tal de degradação...
...ja nem tenho mais medo por que ja não se sente mais...
...quanto maior é a altura que se eleva, maior o sensação de insensatez...
...é estranho sentir a terra antes de tocar solo..."

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Disse o que disse

Digo por mim eu digo
Algo que tinha a dizer
E agora não digo mais
o que eu iria fazer

*Rimas pobres

domingo, 9 de novembro de 2008

(full back!!)



Isabella de Navarra certa vez perguntou a seu Ministro:


Por que estes Aragoneses ainda insistem em sitiar nossa fortaleza?

O Ministro repondeu:

Talvez eles não queiram esperar mais dez anos

Isabella de Navarra retruca:

Então porque agora eles recuam?

O Ministro responde:

Talvez dez anos não seje tanto tempo assim..
Estou precisando voltar a fazer exercicios ¬¬

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

(Kamikaze)


Sem nome
Sem discurso fechado
Sem densidade intricita
Sem meias palavras
Sem contratos sociais
Sem cinto de seguança
Sem joguinhos
Sem inocencia
Sem duvida
Sem nada a perder

Sem orgulho proprio
Sem medo
Sem duvida
Sem auto conservação
Sem jogo de cintura
Sem palavras a dizer
Sem paciencia de esperar
Sem uma casa para voltar
Sem docibilidade suficiente
Sem nada a perder

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Não deveria ter sobre ela


Rifa-se um coração
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos que quase dá
pra engolir as orelhas, mas que
também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer"
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta.

Estrela Polar


"...em algum momento em meio ao limbo...
...você se perde ao apenas se lamentar...
...mas em algum momento você percebe
...que não somente as coisas mudam...
...mas que certas permanecem...
...inauteradas, inatinginveis e inebriantes...
...em um todo muito mais nenhum..."

domingo, 2 de novembro de 2008

(mudanças)


"...nos pensamos que as estrelas estão fixas no céu...
...mas elas sempre mudam de lugar...
...e talvez nos ficamos estagnados...
...mas o que é norte nem sempre fica no norte..."